Pintar papéis, eu comecei na infância com minha mãe. Passávamos longas horas fazendo isso e mesmo depois, quando ela já estava velhinha e eu nem fazia origami, ainda nos divertíamos em tardes chuvosas pintando o sete. Quando comecei as dobras, ela já se fora e a princípio, eu buscava saber quais os papéis mais adequados ao origami. Até descobrir que todo papel tem seu origami possível. Os que não se aplicam a determinado modelo, serão os melhores para outros. Raros são os que não servem para origami algum. Mas bom mesmo, bom mesmo, é quando a gente começa a fazer o próprio papel. Já fiz isso e postei no blog. Os artesanais, ainda foram poucos - há muito a experimentar, com folhas, fibras. Pintá-los no entanto, é um caso de amor muito antigo.Os papéis prometidos aos leitores aqui no blog, ficaram prontos e seguirão para seus destinos ainda esta semana. Foram todos produzidos em técnica mista, somando experiências e conhecimentos que eu trazia na bagagem, no perfume da lancheira de infância, bolsinhos de jardineiras antigas, cantos do guarda-roupa, baús, gavetas, memórias (bem) afetivas.
Aproveitei dias de sol para trabalhar ao ar livre e para que secassem no varal. Da próxima vez, lembrarei de fotografá-los ao vento - quase me senti na Índia - era um visual lindo de fileiras de bandeirinhas coloridas dançando contra o céu azul.
Lancei mão de materiais nacionais e importados, papéis em gramaturas diferentes, pigmentos diversos e obtive um resultado original que não conseguiria reproduzir idêntico.
A partir daí, novas idéias vieram que serão testadas em outro momento. Alguns ficaram craquelados, não só na pintura, mas também na textura.
Experimentei o que há tempos queria: a técnica do "FALSO WASHI" descoberta por Giovana de Luca, filha da Claudinha de www.panoepapel.blogspot.com.br - um lugar com trabalhos geniais, pois além de papel, ela pinta e borda coisas fantásticas entre as quais, compartilhou generosamente a técnica que de fato deixa o papel delicioso para o toque.Terei que fazer de novo - primeiro, porque foi puro prazer, depois, para obter um resultado mais homogêneo.
Alguns rasgaram a borda, ou por serem finos demais, ou pela resistência; outros, na hora de passar, não ficaram muito planos, mas eu costumo usar os "erros" a meu favor, e vou experimentá-los craquelados, acho que dará aos origamis uma superfície nova e bacana."Até que um dia, por astúcia ou por acaso,
depois de quase todos os enganos,
ela descobriu a porta do labirinto.
Nada de ir tatuando os muros como um cego.
Nada de muros.
Seus passos tinham
- enfim! -
a liberdade de traçar
seus próprios labirintos."
(Mário Quintana)
"Uma sensação...
de partir em várias direções ao mesmo tempo.
E mesmo que eu consiga
fazer algum progresso
não estou nem um pouco convencido
de que vá me levar
aonde penso estar indo."
(Paul Auster)
O azul do papel nasceu tão mágico que me fez recordar do livro: "Para viver com poesia".
"olhar por outro ângulo, para levar a infância a sério, para despertar a fantasia, para ver com olhos de primeira vez, para perceber a arte, para chegar mais perto dos poetas, para notar diferenças, para alimentar mistério, para reparar, para mirar no espelho, para encarar, para seguir em frente, para ler em boa companhia, para clarear sentimento, para provocar inquietude, para amansar o coração, para dar corda na preguiça, para suspeitar, para aproveitar o percurso, para viver com poesia".
(Márcio Vassalo)
"A beleza aqui é como se a gente bebesse em copo, taça, longos preciosos goles, servida por Deus.É de pensar que também há um direito 'a beleza; que dar a beleza a quem tem fome de beleza é também um dever cristão".(Guimarães Rosa)
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